quinta-feira, novembro 18, 2010

AÇÃO COM-VIDA NA ESCOLA ISAM




















PLASTICO FORMA ILHAS DE POLUIÇÃO

UM MUNDO EMBRULHADO

Plástico forma ilhas de poluição nos oceanos

Cesar Baima

RIO - Ele foi feito para durar e revolucionou a indústria no século XX. Resistente, versátil, prático e barato, o plástico em poucos anos mudou os padrões de consumo e comportamento da Humanidade, invadindo quase todos aspectos de nossas vidas, da alimentação à higiene, do transporte ao vestuário, do trabalho ao lazer. Mas esta revolução já começa a cobrar sua conta ambiental, menos de 100 anos da explosão de seu uso, no esforço de guerra dos anos 40.

A produção global de resinas plásticas cresceu de entre 1,5 milhão a 5 milhões de toneladas anuais na década de 50 para uma estimativa de mais 270 milhões de toneladas em 2010. Só no Brasil, a produção e consumo de resinas termoplásticas passou de 5 milhões de toneladas no ano passado, ou quase 28 quilos por habitante, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast). E, graças à sua durabilidade, quase todo plástico que foi produzido desde a criação da primeira resina, há mais de 140 anos, ainda está espalhado por aí, em aterros sanitários, nas margens de rios, nas praias e até no meio dos oceanos, a milhares de quilômetros de qualquer sinal de presença humana.

- A poluição por plásticos é um problema global. Não existem barreiras nem fronteiras para os plásticos. Resíduos já foram encontrados em ilhas remotas do Pacífico, na Antártica e em muitos outros lugares onde não existe ocupação humana - diz Juliana Assunção Ivar do Sul, doutoranda do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenadora científica do projeto “Lixo marinho“, que busca somar os esforços no estudo da questão no Brasil e concentrar os dados sobre ela.

Sacolas plásticas: entenda a polêmica sobre o uso, seus problemas e soluções

Entre os poucos pesquisadores sobre o tema no país está o biólogo Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO/USP). Em recente levantamento, ele estimou em 1,4 bilhão o número de pellets - pequenas esferas de cerca de meio centímetro de diâmetro - presentes apenas nas praias da bacia de Santos e São Vicente, em São Paulo, pesando um total de cerca de 30 toneladas. Estes pellets são a matéria-prima usada pela indústria na fabricação de sacos, copos e milhares de outros utensílios de plástico que depois vão parar nos lixões, no mar e também nas praias. Segundo ele, este material geralmente é perdido no seu transporte, quando é descarregado de navios ou levado por caminhões para as fábricas.

- É incrível. Antes mesmo de virar um produto, o plástico já está poluindo. E é um contrassenso, já que os pellets são uma matéria-prima valiosa - comenta.

Ninguém está a salvo dos lixões marinhos

Saco plástico afunda entre recifes no Mar Vermelho: de produto evolucionário à preocupação ambiental

Durante séculos, o homem acreditou que, com sua vastidão, os imensos oceanos do planeta seriam capazes de assimilar e diluir o que quer que se jogasse neles. A realidade, no entanto, mostrou-se bem diferente. Em 1997, após participar de uma regata, o americano Charles Moore e sua tripulação voltavam de catamarã do Havaí para o sul da Califórnia quando o capitão decidiu alterar o curso e experimentar uma nova rota, um pouco mais ao norte, passando pela borda do chamado Giro Subtropical do Pacífico Norte, uma grande área do oceano que, apesar das águas calmas, normalmente era evitada pelos marinheiros.

Os anos de experiência no mar, porém, não prepararam Moore para o que ele encontrou lá: pedaços de redes, sacolas, garrafas e tampas; brinquedos, escovas de dentes, tênis e isqueiros. De embalagens de óleo e produtos de limpeza a cones de sinalização em estradas, Moore viu boiando praticamente todo objeto possível de ser feito com plástico. De volta para casa e chocado com a imagem de tanta sujeira em um lugar tão isolado, ele abandonou seu negócio de reforma de móveis para criar a Fundação de Pesquisa Marinha Algalita (AMRF, na sigla em inglês) e estudar o que batizou e passou a ser conhecida como a “Grande Mancha de Lixo do Pacífico“.

Com uma área estimada em mais de 1,3 milhão de quilômetros quadrados, o lixão do Pacífico cobre uma extensão maior que o estado do Pará. E também não é o único. Existem mais quatro giros oceânicos semelhantes no mundo, verdadeiros vórtices formados pela ação das correntes marítimas e dos ventos e que lentamente acumulam em seu interior o lixo que chega no mar e eventualmente não é devolvido à costa. Na semana passada, artigo publicado na revista “Science” trouxe uma radiografia de outro destes grandes lixões marítimos, no Atlântico Norte. Ao todo, os cinco giros cobrem mais de 40% da superfície dos oceanos, ou um quarto do globo terrestre.

Não existem estatísticas precisas sobre a poluição oceânica, mas os cálculos são de que passa de 600 milhões de toneladas a quantidade de plástico nos oceanos. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o plástico representa 70% de todos os detritos encontrados no mar, com 46 mil pedaços flutuando a cada 2,58 quilômetros quadrados de oceano. Além disso, estima-se que chegam nos oceanos aproximadamente 10% de toda a produção anual de plásticos, a maior parte (80% a 90%) carregada pelas chuvas e rios de fontes em terra, como aterros sanitários e o descarte direto em mananciais e no litoral.

Um dos grandes obstáculos para chamar a atenção para o problema, porém, é que grande parte desta sujeira não é facilmente visível. Isso porque, embora a maioria dos plásticos não seja biodegradável, a ação do Sol e da água faz boa parte dele se fragmentar relativamente rápido, sumindo da vista humana. A própria Grande Mancha do Pacífico, com uma estimativa de 150 milhões de toneladas de plásticos, é uma sopa de água e poluição com, em média, 10 metros de profundidade.

- Temos que nos preocupar com o que a gente vê e o que a gente não vê. Em algumas partes do oceano, quando se passa uma rede de plâncton (rede muito fina), capturamos mais partículas plásticas, fibras, do que organismos. O plástico some de nossa vista, mas é só pôr num microscópio para vermos que ele está lá - diz Turra.

A primeira vítima de toda essa poluição é a fauna marinha, já que durante os milhões de anos em que estes animais evoluíram eles podiam considerar praticamente tudo que caía na água como alimento. De acordo com relatório da ONG internacional Greenpeace, ao menos 267 espécies, entre tartarugas, mamíferos, pássaros marinhos e peixes, consomem resíduos plásticos ou os levam a seus filhotes julgando tratar-se de comida. Já a ONU calcula que mais de um milhão de pássaros e 100 mil mamíferos e tartarugas marinhas morrem por ano por comerem ou ficarem presos em restos de plásticos. Só no remoto Atol de Midway, próximo ao Havaí, o lixo que vai dar nas suas praias provoca a morte de metade dos 500 mil filhotes de albatrozes que nascem anualmente no local. Já no Brasil, levantamento recente de Fernanda Imperatrice Colabuono, Satie Taniguchi, Rosalinda Carmela Montone, também do Instituto Oceanográfico da USP, encontrou plástico no sistema digestivo de 28% dos pássaros marinhos recolhidos já mortos ou feridos no litoral do Rio Grande do Sul.

- O consumo de plástico pelos animais faz com que grande parte acabe morrendo, tanto por ação mecânica, como engasgamento, quanto por uma sensação falsa de saciedade. Eles param de comer porque estão com o estômago cheio, mas é de lixo - conta o biólogo da USP. - Em toda praia que eu fui nos últimos quatro anos, e foram muitas, eu vi pellets. É um problema ambiental que ocorre de forma disseminada do Sul ao Nordeste do Brasil. Até em locais como Fernando de Noronha eles estão presentes - acrescenta.

Mas os problemas gerados pelo plástico nos oceanos não ficam por aí. Por repelirem a água, as resinas acabam atraindo diversos outros tipos de poluentes hidrofóbicos, principalmente compostos orgânicos venenosos como pesticidas (DDT) e bifenilos policlorados (PCBs), funcionando como verdadeiras esponjas de sujeira. Estas substâncias - além do próprio plástico, tratado com aditivos tóxicos como bisfenol A, que podem causar câncer e infertilidade - vão se acumulando ao longo da cadeia alimentar e chegam aos seres humanos. Um zooplâncton, por exemplo, pode consumir um pedaço microscópico de plástico cheio destes poluentes. Depois, este zooplâncton é comido por um organismo maior, que por sua vez alimenta um pequeno peixe, comido por outros de tamanhos crescentes até chegar no atum, um dos maiores predadores dos oceanos. Por fim, este atum, carregado de produtos tóxicos, é pescado e servido em um restaurante japonês qualquer.

- Assim, o ser humano também acaba sendo indiretamente afetado - comenta Turra.

E, quanto menor é este pedaço de plástico no mar, maior é sua capacidade de agregar outros poluentes, lembra Juliana, da UFPE.

- Quanto mais fragmentado o plástico, maior é sua relação superfície/volume, o que faz com que ele possa carregar uma maior quantidade destas substâncias. E uma infinidade de animais está consumindo estes restos - diz ela.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL CRITICA E EMANCIPATÓRIA

O CONCEITO DE FORMAÇÃO E A PERTINÊNCIA DE CURSOS DE FORMAÇÃO CONTINUADA: EM BUSCA DE UMA FORMAÇÃO AMBIENTAL CRÍTICA, EMANCIPATÓRIA E REFLEXIVA


A formação de professores é um tema de grande complexidade e relevância para a área educacional. A recente proliferação de cursos de formação continuada financiados por governos municipais, estaduais e federal gera a [...]

A formação ambiental de professores/educadores ambientais

[...] Inúmeras pesquisas têm sido desenvolvidas, identificando diferentes concepções de Educação Ambiental (EA) e propondo inúmeras categorias que ilustram a forma de apropriação e o significado atribuído a essa expressão. Como resultado, um conjunto significativo de categorias associadas ao conceito de EA foi gerado, resultando numa difusão de significados atribuídos à expressão. Além dessa difusão de categorias, a expressão “Educação Ambiental” tem sido o foco de uma intensa discussão dentro da academia, assumindo-se diferentes definições e interpretações sobre a sua validade na configuração de uma nova área. Não existe uma única concepção de Educação Ambiental e várias definições coexistem na literatura, cada uma amparada em referenciais teóricos específicos, concebidos na academia ou no contexto dos movimentos sociais e expressos por meio de diferentes termos, tais como: paradigmas, correntes, perspectivas etc. Curiosamente, essa mesma multiplicidade de terminologias também está presente na área educacional, nas discussões sobre a formação de professores. Por exemplo, Pérez Gómez (1998) utiliza o conceito de “perspectiva” na formação de professores, Zeichner (1983) prefere utilizar o conceito de “paradigma”, enquanto Liston e Zeichner (1991) referem-se a “tradições” de formação. Paralelamente a esse conjunto difuso de concepções sobre Educação Ambiental, alguns trabalhos (BARBOSA, 2010; MARIA, 2010) optam pelo uso da expressão “formação ambiental”, assumida como uma expressão resultante das relações entre as orientações de formação e as concepções de ambiente. Nessa direção, ao invés de se debruçarem sobre referenciais e correntes de Educação Ambiental, optam por utilizar concepções de ambiente na sua relação com aspectos formativos já legitimados na literatura da área educacional. Esse direcionamento vai ao encontro do que aponta García (1999) ao comparar o termo “formação” com terminologias utilizadas em outros países. Em alguns países europeus, como Itália e França, o termo “formação”, relacionado à formação de professores, é utilizado com o sentido de educação, preparação, ensino etc. Já em países anglófonos, esse conceito está associado à educação (Teacher Education) ou ao treino (Teacher Training), assumindo características específicas em cada um dos casos. Ao compararmos o uso desse termo no Brasil com outros termos correspondentes utilizados em vários países, consideramos que o emprego do termo “formação” mostra-se mais adequado, principalmente quando falamos sobre formação de professores, já que entendemos que esse termo não se reporta a uma doutrinação, quando comparado a “educação”, “treinamento” ou “ensino” (GARCÍA, 1999). Assim, a expressão “formação ambiental” legitima-se como um conceito que expressa uma dimensão formativa pertencente à mesma categoria da formação pedagógica e da formação acadêmica/científica, que se constituem como dimensões tradicionais na formação de professores. Isso implica que, quando há a presença da formação ambiental como uma das dimensões na formação de professores, podemos considerar esses professores também como educadores ambientais. Nessa perspectiva, a dimensão ambiental deve estar contemplada num processo formativo de forma a contribuir para uma formação de caráter crítico, emancipatório e reflexivo.

[...]

No reconhecimento de suas necessidades, pensando sua própria prática e considerando a real dimensão do seu contexto escolar, a FC pode promover a formação de profissionais mais críticos e autônomos. No entanto, como aponta Nóvoa (1992), condicionar a formação do professor apenas a cursos de FC não garante, necessariamente, qualidade em sua formação, pois a FC não se constrói por meio da acumulação de conhecimentos e técnicas, mas através de reflexão crítica sobre as práticas e de (re) construção permanente de uma identidade pessoal. Talvez a idéia principal que deve permear essa discussão seja a de multiplicidade, concebendo que uma formação continuada pode ocorrer em diferentes espaços formativos por meio do uso de uma variedade de estratégias e modalidades educativas. A formação continuada desenvolvida por meio de cursos possuem um papel importante no desenvolvimento profissional de professores da educação básica, no entanto, é um erro pensar a formação continuada apenas dentro de uma perspectiva de heteroformação. É necessário que a formação continuada também incorpore a perspectiva de interformação (DEBESSE, 1982), na qual a ação educativa ocorre entre os futuros professores ou entre professores em fase de atualização de conhecimentos. Essa perspectiva aponta para a necessidade de uma parceria efetiva entre universidades e escolas da educação básica, de forma a possibilitar a articulação entre a formações inicial e continuada. Também não devemos esquecer da autoformação, na qual o professor controla os objetivos, os processos, os instrumentos e os resultados da própria formação. Nessa perspectiva, o professor, ao formar alguém, também se forma e, sobretudo, se transforma. Para que essa transformação ocorra, a dimensão ambiental deve também assumir o seu papel protagonista durante o processo formativo, ao lado das dimensões científicas e pedagógicas que constituem tal processo, de forma a possibilitar uma formação ambiental que seja crítica, emancipatória e reflexiva.

Myrna Elisa Chagas Coelho Matos

AÇÃO COM-VIDA ESCOLA ISAM


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